Não me dê flores

Vou confessar que não curto felicitações, cartões, presentes, homenagens e flores no Dia da Mulher. Acho isso um enfeite que só mascara as situações que a gente enfrenta diariamente, passam despercebidas e são consideradas como “normais”. Machismos escondidos em piadinhas, julgamentos pela roupa que a gente veste, pelo jeito que a gente anda, preconceitos com as mulheres que gostam de futebol, de automobilismo, de cerveja. Os caras que aproveitam dos ônibus apertados para se esfregar, aproveitam da mulher que anda sozinha na rua, da que foi na festa só pra dançar. São os mesmos que compartilham cards prontos de “Feliz Dia da Mulher”.

E se sofremos alguma violência a culpa ainda é nossa, da roupa que vestimos, do aplicativo que usamos para conhecer alguém, da conversa que a gente deu. A culpa nunca é do cara que é um babaca, é da mulher que “deu espaço”, “deu conversa”. O homem que trai faz isso porque foi seduzido pela mulher destruidora de lares. Enquanto a ex vira uma louca, a atual é uma puta que deve ter tirado ele a força de dentro de casa. E não são preconceitos vindos somente de homens, são de homens e mulheres e da sociedade toda.

Donas da porra toda

No Dia da Mulher não quero flores, quero que mais mulheres se posicionem como elas merecem se posicionar. Não só na torcida, como dentro de campo. Não só como grid girl ou a namorada do piloto, mas como pilotando um carro e vencendo a corrida. Não só como primeira dama, mas como a dama presidenta, governadora e prefeita. Não só como assistente, mas como CEO, diretora e gerente da porra toda. Trabalhando na engenharia, nas construções, nos caminhões, como juízas de direito e de futebol, grandes advogadas, mecânicas e em todos os lugares que chegamos a ser proibidas de estar e que hoje enfrentamos preconceito diário só por fazermos nosso trabalho em um ambiente que a sociedade acha que não merecemos estar em igualdade.

E também comandando um coworking, empreendendo e mostrando que podemos liderar e sabemos que compartilhar gera crescimento mútuo, ruptura de preconceitos, mais criatividade e sustentabilidade. Aqui no coworking as mulheres foram o pilar inicial, mas o nosso crescimento diário não tem sexo nem idade. Temos muitas pessoas diferentes entre si, mas com objetivos parecidos. Buscamos crescimento diário com foto nos nossos sonhos e com a ajuda das diferentes ideias que aqui habitam e compartilham seu dia a dia. Aqui nós crescemos juntos.

Aos homens que precisamos

Somos lindas sim, cheias de graça, fazemos manha e às vezes queremos que alguém abra o pote de pepino pra gente. Mas somos capazes, física e intelectualmente, de sermos quem quisermos ser. E os homens que se aventurarem em profissões consideradas femininas também merecem respeito e incentivo. Isso só fortalece ainda mais a diversidade, a humanidade e o crescimento de todos.

Aos homens que são confiantes de si mesmos e sabem que não precisam se mostrar superiores às mulheres, que podem ser educados, incentivadores e protetores, meus sinceros agradecimentos e meu pedido que interfiram, sempre, quando virem essas piadinhas acontecerem. Essas brincadeiras e as grandes e pequenas manifestações de discriminação. Isso sim é ser um grande homem, um grande ser humano. E é isso que precisamos ser, cada vez mais humanos. Ninguém cresce diminuindo o outro. Crescemos juntos.

Encerro com uma frase que ouvi no documentário concorrente ao Oscar de 2019 “RBG” que conta a história sensacional da juíza da Suprema Corte Americana Ruth Bader Ginsburg. Ela foi casada com um homem igualmente inspirador e que foi o grande incentivador dela. Mesmo quando Ruth se tornou mais importante profissionalmente que o marido, foi quando ele se tornou um homem ainda melhor. Lembrem-se: crescemos juntos.

“Não peço favores para o meu sexo. Tudo que peço aos nossos irmãos é que tirem seus pés dos nossos pescoços.” – Sarah Grimké (escritora abolicionista do século XVIII)

Feliz Dia da Mulher

Texto: Aline Ben da Costa
Foto: Karine Naue

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